18 de maio de 2014

Vai chegar o dia.


Vai chegar ao seu ouvido que eu me casei. Que ele é o cara que você nunca foi. Lindo, de família boa e com vários diplomas pendurados no escritório. Vão te contar sobre nosso primeiro encontro e de como ele me conquistou com as palavras. Você nunca foi bom com palavras e eu sempre as amei. Escrevia cartas e implorava por respostas. Lembra? Não sei por que insistia em fazer com que você fosse tão romântico quanto os autores dos livros de romance que eu sou viciada. Você era tudo, menos romântico. Você nunca usava roupas da moda, nunca se vestiu bem, mas tinha um perfume que nenhum outro tem. Não sabia quem era John Green e muito menos Tati Bernardi.

Vão te contar como eu estava bonita de vestido branco e você vai se lembrar dos planos que fazíamos mesmo sabendo que provavelmente não dariam certo. Planos nunca dão certo e eu aprendi isso com você. De tanto planejar nossa vida a dois, acabamos os dois sozinhos, ou pelo menos um longe do outro. E tudo bem, porque eu segui em frente. E você seguiu em frente. Tínhamos que seguir, é isso que a vida nos obriga a fazer todos os dias.

Vai chegar a você que ele faz de tudo por mim. Largou o emprego e foi morar comigo nos Estados Unidos, porque eu finalmente iria realizar meu sonho. E você vai se lembrar que meu sonho era lançar um livro e virar alguém que fosse exemplo na vida das pessoas. Lembro de você dizendo que “ninguém nunca se interessaria em ler sobre meus rabiscos”. Pois é. Muita gente lê, inclusive você.
Vai chegar a você que todos os dias ele leva uma rosa vermelha para mim. Todos os dias. Elas representam o número de dias que estamos juntos e ele acha que as guardo dentro da última gaveta do meu armário. E você vai se lembrar de que eu odeio flores, ou pelo menos, não gosto de receber todos os dias. E vai rir. Com aquela gargalhada gostosa que costumava preencher minhas tardes, meus dias, meus meses e minha vida inteira. E vai ter certeza que as jogo todas no lixo. E vai rir mais um pouco, porque você me conhece como ninguém.
Vai chegar a você que eu estou feliz. Bem casada. Realizada. Viajada. Com dois filhos e sempre com um sorriso no rosto. E você vai saber. Vai se lembrar que sempre sorrio porque não gosto de parecer frágil. Vai se lembrar que coloco em primeiro lugar a felicidade dos outros e que se dane a minha. Vai se lembrar que meus pais sempre quiseram que eu me casasse na igreja, com tudo o que eu tinha direito, mesmo que eu achasse patético tudo isso. E você vai saber. Que mesmo eu tendo tudo isso, eu ainda prefiro você. Eu sempre preferi você, e assim que vai ser. Até o dia que eu puder largar tudo isso, e ir pra uma praia deserta, reviver ou então viver tudo aquilo que guardei pra nós dois.

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